As privatizações tem orientado o debate político no Brasil. Nacionalistas e trabalhistas historicamente defenderam e criaram empresas estatais para alavancar o desenvolvimento industrial e tecnológico da Nação brasileira. No entanto, as riquezas naturais do Brasil sempre foram arrancadas do povo em regime de escravidão, sem qualquer retorno em uma lógica de exploração que está presente no senso comum. A tragédia de Mariana, com o rompimento de uma barragem que provocou mortes e um alto impacto ao meio ambiente devia ter alertado a população para tal situação, no entanto, isso não ocorreu. Uma nova tragédia assola famílias de brasileiros com dezenas de mortes e centenas de pessoas desaparecidas em mais um rompimento de barragem que soterrou pessoas em uma lama espessa que chega a 11 metros de profundidade. Para fazer uma análise acerca do que acontece no Brasil é preciso sair dele, pois as fontes brasileiras estão comprometidas com mineradoras e seus interesses comerciais, econômicos e políticos, comprometendo a cobertura jornalística.
El Pais –
Uma coluna de opinião do Jornal El País assinada por Francisco Câmpera, publicada hoje, aponta a Vale como um exemplo mundial de incompetência e descaso. O artigo reúne informações de Mariana e de Brumadinho, apontando a reincidência de uma tragédia anunciada. Os conteúdos nos evidenciam a dimensão da tragédia da privatização para o povo brasileiro. Um modelo que serviu somente para investidores internacionais deixando somente a pobreza e a escravidão ao povo brasileiro, ao tempo que são utilizados como mão de obra para a extração das riquezas minerais, como no modelo tradicional extrativista e exploratório implantado no Brasil.
A BBC destaca a posição da Organização das Nações Unidas (ONU), que se manifestou indicando a possibilidade de crime. A notícia dá visibilidade para o relator especial das Nações Unidas para Direitos Humanos e Substâncias Tóxicas, Baskut Tuncak, que aponta a morosidade dos políticos brasileiros em ter implementado medidas para prevenir colapsos de barragens mortais e catastróficas após o desastre da Samarco de 2015, em Mariana. O material torna evidente que as grandes empresas de mineração participam com forte lob sobre a comunidade política. Em outras palavras, podemos compreender como corrupção mesmo. É a corrupção que banca as privatizações e os políticos que defendem a entrega do patrimônio dos brasileiros e utilizam uma grande massa amorfa, sem condições de discernimento, para implementar suas manobras políticas e econômicas. Hoje essa massa amorfa incapaz de discernir mensagens verdadeiras de falsas é popularmente conhecida como bolsominions, em alusão ao filme Meu Malvado Favorito, de Pierre Coffin e Chris Renaud. Um filme da Universal Studios lançado em 2010.
https://www.bbc.com/portuguese/brasil-47027437
As questões levantadas e divulgadas pela BBC encontram amparo em publicação feita pela jornalista Cristina Serra, que lançou livro “Tragédia em Mariana – A história do maior desastre ambiental do Brasil”, faz três meses e já precisa de uma nova edição. Veja o que Cristina fala sobre a corrupção e sobre as mineradoras que fazem o que bem entendem.
Na perspectiva dos direitos econômicos das populações tragicamente atingidas, aos sobreviventes que precisam reconstruir suas vidas devastadas pelo rompimento da barragem, segue uma observação importante de Sakomoto. A Reforma Trabalhista limita vítimas de tragédias a 50 salários mínimos.
Sobre os políticos que contribuem com desastres como esse, com o extermínio dos índios, das populações pobres, que atenta contra o desenvolvimento humano e da paz na sociedade implementando regras para favorecer a indústria armamentista, a indústria do veneno, as multinacionais e a escravidão do povo brasileiro podemos compreender suas premissas a partir desta manifestação do Presidente da República.
Reportagem de Charles Scholl – Assessoria Parlamentar do Vereador Leo Dahmer
As imagens são ilustrativas.