Familiares e amigos de Diógenes Oliveira realizam, na próxima quarta-feira (15), no Espaço 900, homenagem póstuma ao revolucionário de esquerda que faleceu no dia 28 de outubro. Diógenes faria 80 anos e os organizadores optaram em realizar uma homenagem com música e poesia, reconhecendo a transcendência dos famosos saraus culturais promovidos pelo ativista. O evento contará com a participação do músico Ciro Ferreira, que irá apresentar repertório musical em homenagem a Diógenes. Ciro é reconhecido como o cancioneiro do comandante do povo. Os organizadores solicitam confirmação, que pode ser feita com Guilherme pelo telefone 986213070.
Câmara de Esteio faz homenagem a Diógenes
Na sessão ordinária desta terça-feira, dia 8, foi aprovada moção de pesar de Diógenes de Oliveira, apresentada pelo vereador Leo Dahmer, do PT. O documento apresenta Diógenes como um economista, militante de esquerda, que estava com sua saúde fragilizada em consequência dos anos que esteve na prisão, por conta da tortura sofrida e pelo tempo de exílio sofrido por lutar contra a ditadura militar de 1964. Diógenes veio de Cerrito, um distrito do município de Júlio de Castilhos, para Porto Alegre, aos 17 anos, quando conheceu a poetisa comunista Lila Ripoll. Foi por intermédio dela que ele entrou no Partido Comunista Brasileiro (PCB).
Uma vida de luta pela democracia
Em 1961, ele participou ativamente da Luta pela Legalidade, movimento liderado por Leonel Brizola para garantir a posse de João Goulart como presidente da República após a renúncia de Jânio Quadros. Bancário e eletricitário, Diógenes era ativo nas lutas destas categorias quando ocorreu o golpe que destituiu Goulart, em 1964. Participou da resistência e, por isso, foi perseguido, decidindo ir para Montevidéu, onde atuou em organização ligada a Brizola, de combate à ditadura.
Um guerrilheiro revolucionário ao lado de Che Guevara
O jovem Diógenes considerava que era preciso dar resposta ativa à ditadura. Então, em 1966, foi para Cuba fazer treinamento de guerrilhas. Conheceu Ernesto Che Guevara e participou de reuniões para a criação da Organização Latino-Americana de Solidariedade (Olas). De volta ao Brasil, em São Paulo, junto com outros militantes, fundou a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Foi preso em 1969 e torturado para informar onde estava o capitão Carlos Lamarca, seu companheiro. Jamais disse nada. Aliás, este é um de seus traços de personalidade ao longo da vida: nunca entregar ninguém. Por meses permaneceu no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e sua cela hoje faz parte do Memorial da Resistência. Depois disso, foi para o Presídio Tiradentes, onde também estavam detidos Frei Betto, Frei Fernando e Frei Tito, acusados de ligações com líder comunista Carlos Marighella. Deste local foi encaminhado para o Carandiru, onde permaneceu na solitária por seis meses. Deixou a prisão em 1970 e começou um longo tempo em exílio. Viveu no México, Cuba, Coréia do Norte, Chile, Bélgica e Portugal, onde acompanhou pessoalmente a chamada Revolução dos Cravos, em 1974. Seu último refúgio como expatriado foi Guiné-Bissau, uma ex-colônia portuguesa na África, e fez parte do governo após a libertação daquele país.
A retomada da luta na democracia
Ao retornar para o Brasil, fez parte da construção do Partido dos Trabalhadores (PT). Foi secretário dos Transportes do primeiro governo do partido em Porto Alegre, quando Olívio Dutra foi prefeito. Em 2001 foi acusado de diversos delitos, como presidente do Clube de Seguros da Cidadania. Entre as acusações, a de ter ligações com o crime organizado, especialmente o jogo do bicho. As alegações nunca foram comprovadas e Diógenes foi absolvido de todas as acusações, após cinco anos de um linchamento moral em manchetes de jornal. As marcas desse processo, no entanto, o acompanharam até o dia de sua morte. Diógenes sempre esteve convencido de que ele foi utilizado para atingir o então governador Olívio Dutra. O objetivo das acusações nunca comprovadas era destituir Olívio do cargo. Morre o homem Diógenes de Oliveira, fica o legado de resistência em defesa da democracia no Brasil.