No dia do servidor público, o vereador Leo Dahmer, do PT, apresentou um anteprojeto de lei que torna a data feriado aos servidores municipais. Segundo o parlamentar, o dia 28 de outubro tradicionalmente era contemplado como feriado pelo dia do servidor. No entanto, as proposições partiam de decretos da Prefeitura. Portanto, partiam de Prefeitos que tinham uma relação mais qualificada com os servidores e o feriado sempre foi uma possibilidade de expressar essa postura de forma concreta.
Ocorre que os atuais administradores eleitos, defensores ferozes do estado-mínimo, o servidor público é tratado como um problema. Chega a ser qualificado como inimigo pelos mais fanáticos desta ideologia. As campanhas contra os servidores públicos protagonizadas pelo MBL, grupo constituído por políticos que vieram de outras cidades para ocupar cargos em comissão na Prefeitura de Esteio na Gestão de Pascoal, se confundem com as campanhas institucionais da Prefeitura promovendo a privatização, o fim dos serviços públicos e o ataque a comunidade organizada que vive há décadas em Esteio. As comunidades habituadas ao diálogo e relações democráticas foram sistematicamente retiradas da participação da maioria das instâncias de participação, a exemplo dos conselhos municipais. Hoje, podemos observar que os ativistas contra os servidores públicos ligados a essas organizações se tornaram, em grande parte, servidores públicos. Alguns em cargos eletivos ligados aos partidos Democratas, Progressistas e PSL, outros são cargos de confiança lotados em pontos estratégicos da máquina pública que é utilizada para difusão de suas lutas contra os servidores públicos, difundindo preconceitos, mentiras e fazendo uso de seus poderes políticos para destruir a reputação dos servidores públicos.
Um dos exemplos recentes foi a estranha forma que a rede bandeirantes teve acesso aos vídeos do circuito interno do Hospital São Camilo, em que mostravam servidores pulando uma roleta. A reportagem faz crer que os servidores estavam roubando a comida do hospital, ao tempo que tudo indica que havia um problema na identificação digital do equipamento. Tal fato foi utilizado no momento em que os servidores, incumbidos de suas responsabilidades com o interesse público, procuraram ajuda para o Hospital São Camilo, que atravessa uma das maiores crises de sua história.
Outros fatos ocorreram nesse curto período do Governo Bolsonaro, do governo Leite e, em Esteio, na gestão de Pascoal. Talvez, a postura mais insensata da Gestão de Pascoal tenha sido a tomada da sede social dos servidores. A prefeitura se apropriou de mais de R$ 300 mil reais investidos pelos servidores municipais. Medida unilateral e isolada, pois CTG’s, igrejas, maçonaria, associações comunitárias tiveram suas concessões renovadas. No governo do Estado, a situação do funcionalismo não avançou desde o governo Sartori e o histórico parcelamento salarial, fim de fundações públicas, aprofundamento de terceirizações e privatizações, em plena sintonia com o governo federal. No âmbito federal, o Governo Bolsonaro prepara o fim da estabilidade dos servidores e anuncia formas de reduzir os rendimentos afetando os planos de carreira. Debate prometido pela equipe de Paulo Guedes a ser implementado até dezembro.
Não é possível fazer uma homenagem ao dia do servidor sem fazer essas rápidas ressalvas para que essas posturas insensatas não sejam tomadas com normalidade. Diante deste quadro, se faz necessário retomar uma ampla campanha de valorização do servidor público, com consequência em ações concretas. Para o vereador, essa situação é suficiente para justificar o anteprojeto de lei protocolado no dia de hoje.
Veja também: