Comissão de saúde da Câmara busca alternativas para tratar da crise no Hospital São Camilo

A Comissão de Saúde, Meio Ambiente e Assistência Social, da Câmara de Vereadores de Esteio, realizou, na tarde desta terça-feira, dia 17 de setembro, reunião para tratar da crise no Hospital São Camilo. Foi a primeira reunião em que os representantes da Prefeitura e da direção do Hospital se fizeram presentes, já que após sucessivas ausências a Comissão Legislativa convocou, por seus instrumentos legais, a participação destas autoridades. A reunião aconteceu no Plenário com a participação da comissão de servidores do Hospital, juntamente com representações sindicais e servidores interessados em resolver a crise no Hospital, muitos que trocaram de turno para poder contribuir com os trabalhos.

O presidente da Comissão de Saúde, Meio Ambiente e Assistência Social, vereador Leo Dahmer (PT)  deu início aos trabalhos apresentando a pauta de debates organizadas em cinco temas:

1. Problemas do Desabastecimento no Hospital

– Medicamentos como: furosemida, dopamida, nitroglicerina, dramin B, morfina, ringer lactado, glicina e outros;

– Antibióticos (existem antibióticos que não podem ser prescritos para inicio de tratamento sendo muitas vezes usado antibióticos menos eficazes);

– Pacientes do pós-operatório sem medicação para dor disponível na farmácia;

– Farmácia tendo que priorizar medicação para setores como UTIs e Emergência em detrimento de pacientes que também precisam em outros setores;

– Funcionários tendo que comprar com seu próprio salário medicamento para pacientes;

– Equipamentos como: Sondas para aspirar secreção. Soros. Agulhas para aspirar e fazer medicações. Agulhas tipo lancetas para aferir a glicose. Ataduras de crepe. Algodão laminado. Seringas de vários tamanhos. Luvas de procedimento de vários tamanhos (luvas de vinil não são apropriadas para uso hospitalar);

– Trabalhadores denunciam que, em determinados momentos a emergência ficou sem condições de funcionamento, em uma situação que sequer poderia ficar aberta;

– Quebrou a política de trocas de medicamentos e materiais com outros hospitais;

2. Problemas de Higiene

– Falta itens básicos como álcool gel e papel higiênico;

– Falta de lençóis (relato de um dia com 45 lençóis para 150 pacientes);

– Falta uniforme;

3. Problemas na Estrutura do Hospital

– Janelas com persianas estragadas;

– Mobiliário com ferrugem e quebrado;

– Mobiliário e equipamentos sucateados (camas, cadeiras de rodas, material cirúrgico … )

– Funcionário trouxe um vaso sanitário de casa para instalar pela demora;

4. Problemas Trabalhistas

– Não pagamento do FGTS, não se deposita a quase 1,5 ano;

– Não pagamento da licença prêmio em dinheiro;

– Aumento da refeição em mais de 600%:

– Sem local apropriado para fazer as refeição que se traz de casa. Geladeira, local para esquentar e lavar utensílios;

– Funcionários adoecendo por falta de condições de trabalho e sob pressão. Hospital está sem médico do trabalho;

5. Problemas de Diálogo

– Comunicação se dá por cartazes sem assinatura;

– Conselho Diretor do Hospital está irregular (relato de que o próprio prefeito fazendo a pauta no grupo WhatsApp do conselho);

– Matéria plantada na Bandeirantes como uma afronta a toda a categoria de trabalhadores. Um problema focado em alguns ( 9 funcionário num total de 746) que burlaram a catraca do refeitório pela falta de controle da própria gestão criminalizou a todos. E principalmente tirou o foco dos problemas reais do hospital.

Os primeiros relatos foram feitos pelo diretor da Fundação de Saúde Pública São Camilo, Gerson Cutruneo, que estava acompanhado do vice-prefeito, Jaime da Rosa, da Secretária da Fazenda Roberta Patuzzi e da Secretária de Saúde Ana Boll. Gerson afirmou que a Prefeitura tem aumentado seus investimentos na Fundação de Saúde Pública, afirmou que os problemas do hospital são históricos, negou a crise do desabastecimento e apresentou documento atendendo pedido de informação sobre o vazamento das imagens editadas e veiculadas na TV Banderantes, amplamente repudiadas pela parcialidade e desinformação sobre os reais problemas do Hospital. O documento afirmava que a direção do hospital desconhecia a fonte que liberou as imagens internas do circuito de segurança do hospital. Ao final, sugeriu judicialização, pois o Poder Executivo não vai rever o aumento de 632% no refeitório dos servidores. Os servidores se manifestaram reiterando os temas apresentados na pauta da reunião.

Diante do impasse, com as partes presentes, se tornou evidente o quinto ponto apresentado pelos servidores que trata da falta de diálogo com a gestão do Hospital e a impossibilidade de poder manifestar questões que priorizem a saúde em detrimento do debate político-eleitoral. O vice-prefeito, Jaime da Rosa, chegou a propor como solução a troca dos representantes no próximo processo eleitoral. O vereador Leo Dahmer optou em propor como encaminhamento uma reunião de trabalho entre as partes para que os assuntos de natureza eleitoral, que dominaram as intervenções dos representantes da Prefeitura, fossem preteridos. “Proponho uma reunião de trabalho entre as partes para que seja possível construir uma unidade política no município que priorize o Hospital São Camilo, acima de qualquer diferença política para resolver o problema do financiamento global do Hospital”, concluiu Leo. O encaminhamento foi aprovado pela comissão. Os representantes da Prefeitura se mostraram resistentes ao encaminhamento e afirmaram que vão se manifestar formalmente.

Participaram da reunião os integrantes da Comissão de Saúde, Meio Ambiente e Assistência Social, vereador Mário Couto (PDT) e a vereadora Rute Viegas (MDB), além dos vereadores Felipe Costella (MDB) e Sandro Severo (PSB).

Reunião para tratar da crise no Hospital São Camilo

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